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Entre Dois Mundos: A Dor e a Transformação de Viver no Exterior

  • Foto do escritor: Fernanda Francez
    Fernanda Francez
  • 16 de dez. de 2024
  • 3 min de leitura
Família com tablet em vídeo chamada

Morar fora do Brasil é um sonho para muitos, mas a realidade dessa escolha vai muito além de belas fotos nas redes sociais ou histórias fascinantes para compartilhar com amigos. A experiência de viver no exterior é, antes de tudo, profundamente emocional. Para os brasileiros expatriados, o desafio de criar raízes em um novo país enquanto se tenta manter as conexões com as origens pode gerar uma sensação única de estar sempre "entre dois mundos".

Por um lado, há a empolgação de explorar novas culturas, aprender um idioma diferente, construir uma carreira internacional e expandir horizontes. Por outro, está a saudade quase física da família, a sensação de não pertencer completamente a lugar nenhum e, em alguns casos, o peso de precisar justificar a escolha de ter deixado o Brasil.

Essa dualidade pode gerar um vazio interno difícil de expressar. Você não é mais completamente brasileiro, mas também nunca será totalmente integrado à cultura local. Esse estado de "não-lugar" pode trazer à tona sentimentos de inadequação, ansiedade, e até solidão, mesmo cercado de pessoas.


Os Desafios de Construir uma Identidade no Exterior

Afinal, quem somos quando os alicerces que sustentaram nossa identidade – como o idioma, os costumes e até o humor brasileiro – parecem distantes? Para muitos, essa experiência pode ser comparada a "recomeçar do zero".

Os desafios vão além da língua ou do mercado de trabalho. Eles passam pelo esforço de criar novas conexões e por uma luta interna para equilibrar o desejo de se adaptar à cultura local com o medo de perder suas raízes. Isso pode ser ainda mais intenso em situações que demandam apoio emocional, como criar filhos longe da família, lidar com discriminação ou enfrentar dificuldades financeiras.

Além disso, existe a constante tensão entre a idealização e a realidade. O Brasil pode se tornar "melhor do que realmente era" na memória, e o novo país pode parecer mais frio e indiferente do que é. Esse tipo de comparação, ainda que inconsciente, só intensifica o desconforto emocional.


É Possível Encontrar um Equilíbrio?

Sim, é possível. O primeiro passo é aceitar que a sensação de deslocamento é natural e faz parte do processo de adaptação. Viver entre dois mundos não é um erro ou uma condição que precisa ser corrigida, mas uma oportunidade para construir algo novo e único.

Sua identidade não precisa ser uma escolha entre o Brasil e o exterior. Ela pode ser uma ponte, integrando o melhor das duas culturas. Esse processo de integração demanda tempo, paciência e, muitas vezes, um olhar mais profundo sobre o que realmente importa para você.

Cultivar suas raízes pode incluir manter a língua portuguesa viva em casa, ensinar seus filhos sobre as tradições brasileiras e criar rituais que conectem você ao passado. Ao mesmo tempo, valorizar as experiências do novo país e se permitir aprender com elas pode trazer um senso de pertencimento.


O Papel da Terapia na Jornada do Expatriado

Mesmo com esses passos, é importante reconhecer que, às vezes, a dor e o conflito interno são profundos demais para lidar sozinho. É aqui que a terapia pode fazer toda a diferença.

O acompanhamento psicológico é um espaço onde você pode explorar suas emoções sem julgamentos, compreendendo a raiz das suas angústias e aprendendo a ressignificar as dificuldades. Com abordagens como a Terapia Cognitivo-Comportamental e a Terapia do Esquema, é possível trabalhar questões como solidão, baixa autoestima e o sentimento de inadequação.

Mais do que superar desafios pontuais, a terapia pode ajudar você a construir uma narrativa que integre suas experiências de maneira positiva. Essa transformação não apaga as dores da adaptação, mas oferece ferramentas para viver com mais leveza, autenticidade e pertencimento.

Você não precisa enfrentar essa jornada sozinho. Com apoio profissional, é possível transformar o "viver entre mundos" em um caminho de autodescoberta e fortalecimento emocional – criando uma vida que reflita tanto quem você é quanto quem está se tornando.

 
 

Psicóloga Fernanda Francez

CRP 12/19708

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Santa Catarina - Brasil

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